O termo constipação é derivado de uma palavra latina “constipare” que significa “reunir, estreitar, apertar”. E quando os bebês ou crianças têm dificuldades em fazer cocô, isso traz uma grande preocupação para toda a família. No post de hoje vamos entender o que é a constipação em bebês e crianças, seus principais sintomas, causas e tratamento.
O que é constipação intestinal?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a constipação intestinal compreende evacuações em frequência menor do que três vezes por semana, percebendo-se o aumento do tamanho das fezes, que se tornam ressecadas e duras, geralmente associada a dor.
Há também casos em que a criança faz cocô diariamente de forma incompleta, fezes muito ressecadas, em cibalos (“bolinhas duras” como cocô de cabrito), com muito esforço e dor, que são igualmente classificados como constipação intestinal.
Algumas crianças permanecem muitos dias sem evacuar e eliminam fezes extremamente volumosas e calibrosas denominadas fecalomas que, por vezes, determinam entupimento do vaso sanitário. Muitos ainda apresentam comportamento de segurar as fezes, o que agrava a situação.
Como identificar a constipação em bebês e em crianças?
De acordo com o MSD Manuals, as diretrizes para identificar constipação em bebês e crianças incluem os seguintes aspectos:
- Ausência de evacuação por dois ou três dias para além do habitual;
- Fezes duras ou dor durante a evacuação;
- Fezes grandes que podem entupir o vaso sanitário;
- Gotas de sangue no exterior das fezes.
No caso dos bebês, sinais de esforço e choro antes de fazer cocô de maneira bem-sucedida, em geral, não indicam constipação. Esses sintomas são normalmente causados porque o bebê ainda não aprendeu a relaxar os músculos do assoalho pélvico durante a evacuação e, normalmente, resolvem-se espontaneamente – isso se chama Disquezia Funcional.
Com que frequência é comum que um bebê faça cocô?
Outra dúvida muito comum das famílias com bebês e com crianças é a frequência considerada “normal” de se fazer cocô. Ainda de acordo com a SBP, o intervalo entre as evacuações varia com a idade.
- Na idade escolar, na adolescência e nos adultos: o mais comum é que as idas ao banheiro ocorram de uma a duas vezes por dia, sem dor ou dificuldade e que as fezes eliminadas sejam pastosas.
- No recém-nascido: o padrão é diferente. É muito raro um lactente em aleitamento natural exclusivo apresentar constipação intestinal. Assim, nas primeiras semanas de vida, a cada mamada pode ocorrer uma evacuação. Ou seja, cerca de oito vezes por dia. E, nesse caso, as fezes podem ser eliminadas de forma explosiva, na cor amarelo ouro ou esverdeada.
A prisão de ventre nos bebês pode aparecer quando são introduzidos alimentos diferentes do leite materno na alimentação. É nesta fase que a criança passa a apresentar fezes duras e eliminadas com esforço e/ou dor.
Meu bebê está em aleitamento materno exclusivo: pode ficar sem fazer cocô?
A SBP pontua que, apesar de não ser comum, cerca de 5% dos lactentes em aleitamento natural exclusivo podem apresentar evacuações em intervalos superiores a dois dias. Até mesmo podem ficar até uma semana ou mais sem fazer cocô.
Porém, nestes casos, o que é importante identificar: se as fezes eliminadas forem amolecidas na forma de pasta e o lactente não apresentar outros sintomas, tais como vômitos, distensão abdominal, irritabilidade, dificuldade para se alimentar, corresponde aquilo que é denominado de pseudoconstipação intestinal.
Como saber se o problema do meu bebê ou criança é grave?
O Instituto de Gastroenterologia Pediátrica de São Paulo (Igastroped) explica que saber qual era a idade da criança quando iniciou-se os sintomas de prisão de ventre é um dado extremamente importante para se avaliar a gravidade do problema.
Por exemplo, caso os sintomas tenham se iniciado em um recém-nascido com menos de 1 mês de idade deve-se levantar a suspeita diagnóstica da existência de alguma doença, tal como a doença de Hirschsprung e até alergias alimentares.
Outro exemplo: o momento da eliminação do primeiro mecônio é especialmente relevante para avaliar o risco da doença de Hirschsprung. O retardo da eliminação do mecônio por mais de 48 horas em um bebê recém-nascido a termo leva à necessidade da realização de investigação para confirmar ou descartar este diagnóstico.
Quando a família precisa se preocupar com a ausência de cocô no bebê?
O MSD Manuals pontua algumas situações que necessitam de um acompanhamento de um pediatra:
- Nenhuma evacuação nas primeiras 24 a 48 horas após o nascimento;
- Perda de peso ou crescimento ruim;
- Redução do apetite;
- Sangue nas fezes;
- Febre;
- Vômitos;
- Inchaço abdominal;
- Dores abdominais (em crianças grandes o bastante para comunicar isso);
- Nos bebês, perda do tônus muscular (o bebê parece flácido ou fraco) e redução da capacidade de sugar;
- Em crianças mais velhas, uma liberação involuntária de urina (incontinência urinária), dor nas costas, fraqueza nas pernas ou problemas para andar.
Sangue no cocô da criança
De acordo com o MSD Manuals, apesar dos pais se preocuparem com a frequência dos cocôs dos seus filhos, a constipação em geral não tem consequências sérias.
Algumas crianças com constipação se queixam regularmente de dores abdominais, especialmente após as refeições. Ocasionalmente, eliminar fezes grandes e duras pode causar uma pequena ruptura no ânus (chamada também de fissura anal). Fissuras anais são dolorosas e podem resultar em listras de sangue de cor vermelha viva nas fezes ou no papel higiênico.
Tratamento para constipação em bebês e crianças
A Beneficência Portuguesa de São Paulo explica que o tratamento da constipação intestinal em bebês e crianças do tipo funcional é bastante simples. De forma geral, ele inclui:
- Mudança na dieta, com inclusão de alimentos ricos em fibras, como legumes, frutas e verduras;
- Aumento na ingestão de água (sem substituir a água por sucos, refrigerantes e outros líquidos);
- Prática de atividades físicas (brincadeiras, esportes e outras atividades que façam a criança de movimentar);
- Laxante: o medicamento pode ajudar a esvaziar o intestino sem a dor, desfazendo aos poucos o trauma que leva a criança a reter as fezes.
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Dra. Bianca Furlan Fernandes – CRM 169052