O sono do bebê: entenda o ciclo

O sono do bebê: entenda o ciclo

No começo da vida, o ser humano passa muito tempo dormindo, não só pela função de descanso, mas o sono ajuda no desenvolvimento das sinapses entres os neurônios e o desenvolvimento da estrutura cerebral, melhorando o desempenho do sistema nervoso central. Sendo assim, interfere na atenção, memória, aprendizagem, controle emocional e habilidades motoras. Fora isso, auxilia na imunidade, pois aqueles que não dormem direito apresentam níveis elevados de cortisol (hormônio do estresse) e o excesso desse hormônio pode prejudicar as defesas. Além de, claro, aquele mal humor.

Sobre o sono do bebê

Primeiro, vamos entender a diferença dos ciclos de sono de cada fase. O recém-nascido (até 28 dias) não troca o dia pela noite, porque ele não entende ainda o que é dia e noite. Essa percepção começa a se desenvolver no primeiro mês e cabe aos cuidadores ajudar na diferenciação. Ou seja, durante o dia, quando tiver acordado, leve a ambiente com luz e ao dormir, deixe na meia luz. E durante a noite, ambiente escuro, evitar acender luz forte nos períodos de amamentação ou troca de fralda noturnas.

O bebê necessita dos cochilos durante o dia, principalmente nos primeiros anos, pois ajuda no desenvolvimento da criança. Privá-lo dessa soneca não aumentará o sono noturno, não deve ser um tempo muito longo, como uma tarde toda. Há quem recomende inclusive deixá-lo dormir em outro ambiente que não seja o quarto, para diferenciar.

Pequenos rituais para o momento do sono ajudam, até para a soneca. Os pais devem sinalizar que é o momento de ir para o berço, mas sem estresse e, sim, com carinho. Higiene bucal e um banho são bons marcadores da transição vigília e sono. Após isso, vale ler um livro, deitar-se ao lado dele, fazer uma oração, uma música de ninar. O aconchego nunca é demais, observe o que funciona e conforta o seu bebê. Cada família irá criar a rotina e ambiente ideal para o sono de qualidade. Mas lembre-se, adormecer não combina com televisão ligada, sons e luzes em excesso, e nem é necessário engrossar o leite da noite. Geralmente até um ano, os bebês fazem dois cochilos e, ao se aproximar dos dois anos, passam a fazer somente um, e até os três anos deixa de fazê-lo.

Rituais e aconchego são diferentes de criar uma situação que torne a criança dependente para dormir, como dormir apenas no colo, apenas andando, apenas no carro e etc,

É importante que o bebê tenha o seu espaço desde sempre, isso quer dizer, dormir no seu berço, mesmo que no início é preferível que fique no quarto dos pais. Dormir na mesma cama que os pais não é indicado em nenhuma idade, além de poder causar acidentes graves e atrapalhar a vida do casal, pode criar uma rotina difícil de romper.

A partir dos dois meses o bebê irá diferenciar cada vez mais a rotina dia e noite e aumentar o tempo de sono noturno, por volta dos seis meses o sono noturno já está mais consolidado. Mas lembre-se, até se estabelecer, os despertares noturno não indicam necessariamente necessidades da criança, ela está aprendendo a pegar no sono novamente. Então quando for ao quarto, evite acender muito as luzes, tente acalmar no próprio berço falando que está tudo bem ou logo colocar no berço novamente.

Aos nove meses de idade e novamente aos 18 meses aproximadamente os distúrbios do sono ficam mais comuns devido alguns fatores do desenvolvimento que podem interferir no padrão de sono. Um deles é a fase da angústia ou ansiedade da separação, totalmente normal até os 24 meses, quando a criança teme que os pais desaparecem e não voltem mais. Nesse momento, um objeto de apoio pode ajudar na transição e pode ocorrer de algumas noites ser necessário ir até o quarto acalmá-lo. Nesse período também é mais comum que ocorram pesadelos.

Sendo assim, o acompanhamento com o pediatra é fundamental para os primeiros ajustes para que já se estabeleça uma rotina adequada para a sua família e evite maiores dificuldades quando a criança for maior. E uma frase que sempre digo: um bebê contrariado é o resultado de pais que não começaram do jeito que querem continuar. E para evitar isso, um bom seguimento e uma boa orientação fazem toda a diferença.

 

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Dra. Bianca Furlan Fernandes – CRM 169052