Um estudo mostrou que a taxa de crianças diagnosticadas com doença celíaca na Grã-Bretanha, atualmente, é três vezes maior do que há duas décadas, de acordo com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
Mas isso não é motivo para que as famílias se alarmem. Na verdade, esse dado não significa que a condição está se tornando mais frequente, mas sim que cada vez mais celíacos estão recebendo o diagnóstico correto.
Por isso, no post de hoje vamos entender o que é a doença celíaca, ver a diferença entre intolerância e autoimunidade ao glúten e descobrir quais são os principais sintomas desta doença.
O que é a Doença Celíaca?
Muitas pessoas não sabem, ao certo, o que é a doença celíaca. De acordo com o MSD Manuals, a doença celíaca é uma doença autoimune ao glúten (proteína encontrada no trigo, cevada e aveia) que causa alterações características no revestimento do intestino delgado, resultando em má absorção. O próprio corpo identifica o glúten como um invasor e gera anticorpos que vão causar lesão no intestino.
É uma doença geneticamente determinada, sendo assim, parentes próximos de pacientes com doença celíaca possuem cerca de 20% mais risco de serem afetados. A doença afeta duas vezes mais mulheres do que homens. O fator genético não é o único envolvido, pois você pode carregar o gene e nunca manifestar a doença.
Muitos estudos revelam que o problema atinge pessoas de todas as idades, mas compromete principalmente crianças de 6 meses a 5 anos.
Entendendo o que é o Glúten
O glúten um conjunto de proteínas presente no trigo, aveia, centeio, cevada e no malte, que são cereais muito utilizados na composição de alimentos, mas também de medicamentos, bebidas industrializadas, produtos de beleza e outros produtos não-comestíveis. É importante destacar que o glúten não desaparece quando os alimentos são assados ou cozidos, conforme pontua a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro.
Principais características da Doença Celíaca?
Ainda de acordo com o MSD Manuals, as principais características da doença celíaca são:
- O revestimento intestinal se inflama após a pessoa ingerir glúten;
- Os sintomas típicos em adultos incluem diarreia, desnutrição e perda de peso;
- Os sintomas típicos em crianças incluem distensão abdominal, fezes volumosas e excepcionalmente fétidas e atraso do crescimento;
- Se sabe atualmente que a doença celíaca pode se manifestar de formas menos comuns como constipação, baixa estatura, dor articular e lesões de pele;
- O diagnóstico é baseado nos sintomas característicos, exames de sangue e uma biópsia do intestino delgado;
- A maioria das pessoas não adoecem se mantiverem uma dieta sem glúten.
Doença Celíaca nos Bebês: O que é necessário saber?
O Hospital Infantil Sabará explica que os sintomas da doença celíaca podem, inicialmente, surgir depois da introdução de cereais ao bebê e pode aparecer com irritação.
Além disso, é importante pontuar que a criança pode até crescer, mas ganha pouco peso e, até mesmo, pode perder peso.
O bebê apresenta, muitas vezes, diarreia crônica, embora alguns bebês possam ser constipados e podem vomitar ou ter fezes claras ou malcheirosas.
Essa autoimunidade é cada vez mais comum entre bebês e crianças, afetando cerca de 1 em 80 para 1 em 300 crianças, mas pode ser difícil de diagnosticar. Os sintomas podem aparecer bem depois da infância. Pode ter um componente familiar, sendo mais comum em pessoas de ascendência europeia e do Oriente Médio.
O único tratamento para a doença celíaca é evitar, ao longo da vida, cereais, massas, pães e assados feitos com grãos que contenham glúten. Além disso, crianças com essa doença precisam ficar longe de alimentos produzidos comercialmente, tais como sopas enlatadas e ensopados espessados com grãos processados e cereais. Mesmo pequenas quantidades de glúten podem causar sintomas na criança (fonte: Hospital Infantil Sabará).
Sensibilidade ao Glúten é o mesmo que Doença Celíaca?
Não. As pessoas que têm sensibilidade ao glúten são chamadas de não celíacos com sensibilidade ao glúten (NCSG) e acredita-se serem mais generalizados, afetando um número estimado de 18 milhões de pessoas nos Estados Unidos (não há estatística para o Brasil).
Conforme pontua o Hospital Infantil Sabará, é semelhante à doença celíaca no sentido de envolver uma reação ao glúten. Mas, ao contrário de doença celíaca, não chega a causar danos no intestino.
Assim, enquanto uma criança com NCSG pode ter muitos sintomas semelhantes, não terá o mesmo dano intestinal e nem as deficiências nutricionais ou complicações no longo prazo.
Doença Celíaca: Principais Sintomas
O Ministério da Saúde aponta quais são os principais sintomas relacionados com a doença celíaca:
- diarreia ou prisão de ventre crônica;
- dor abdominal;
- inchaço na barriga;
- danos à parede intestinal;
- falta de apetite;
- baixa absorção de nutrientes;
- osteoporose;
- anemia;
- perda de peso e desnutrição.
Doença Celíaca: Diagnóstico
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) explica que, como a doença celíaca pode se manifestar de formas bastante diversas, é preciso ter atenção redobrada para seu diagnóstico.
Os profissionais devem ter cuidado para não sub diagnosticar ou super diagnosticar a doença. Após a suspeita clínica, é necessário seguir cuidadosamente as etapas para definição correta do diagnóstico. A retirada precoce do glúten, antes da conclusão do estudo, complica a definição exata do diagnóstico e pode condenar uma criança a uma dieta de restrição indevidamente.
Doença Celíaca: Tratamento
O Ministério da Saúde explica que o tratamento para a doença celíaca consiste na dieta sem glúten, devendo-se excluir da alimentação alimentos que contenham trigo, centeio e cevada por toda a vida.
Assim, com a dieta totalmente sem glúten, há normalização da mucosa intestinal, assim como das manifestações clínicas. Porém, no caso de diagnóstico tardio, pode haver alteração da permeabilidade da membrana intestinal por longo período de tempo e a absorção de macromoléculas poderá desencadear quadro de hipersensibilidade alimentar, resultando em manifestações alérgicas.
Além disso, deficiências nutricionais decorrentes da má-absorção de macro e micronutrientes, como, por exemplo, deficiência de ferro, ácido fólico, vitamina B12 e cálcio, devem ser diagnosticadas e tratadas.
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Dra. Bianca Furlan Fernandes – CRM 169052